Submetido à publicação
Marlene Silva Sardinha Gurpilhares (Lorena)
Carlos Alberto de Oliveira (Taubaté)
Samira Florêncio Tito (Lorena)
A filosofia na Gramática Tradicional
1 Introdução
O processo de formação de professores e o de ensino-aprendizagem da
Língua Portuguesa, em meados do século XX, sofreram uma influência mais
vigorosa de novos aportes teóricos no campo da ciência linguística,
ressaltando-se os fenômenos fonético-fonológicos e a teoria chomskyana da
sintaxe.
Dois procedimentos foram, então, na grande maioria das vezes,
adotados: um deles foi a discussão mais enfática sobre os fonemas da
língua; o outro foi quase uma imposição da teoria sintática de Chomsky, com
materiais didáticos oferecendo exercícios de derivação de árvores binárias.
Uma evidência desse procedimento pode-se verificar nos estudos de Souza
e Silva / Koch (1983).
No entanto, mesmo com essas novas abordagens linguísticas, o
ensino pela e o uso da Gramática Tradicional (ou Normativa) nas escolas
permanecia/permanece praticamente inalterado, apesar de se evidenciarem
algumas «inconsistências» nesse fazer.
Quanto, então, Possenti (1996) questionou essas «inconsistências»,
isso
parecer
ter
incrementado
uma
tendência
para
o
«abandono/negligenciamento» da Gramática Tradicional como ferramenta
de ensino (especialmente, no que tange ao capítulo da análise sintática): « É
perfeitamente possível aprender uma língua sem conhecer os termos
técnicos com os quais ela é analisada. » ( Possenti 1996: 54).
Mas, diz Possenti que cabe à Escola ensinar a língua padrão e que
« Qualquer outra hipótese é um equívoco político e pedagógico. » ( Possenti
1996: 17). Logo, n ão se pode depreender de sua obra que ele tenha
sugerido abolir ou negligenciar o ensino da Gramática Tradicional. Estudos
mais aprofundados para auxiliar a compreensão de tais «inconsistências» e
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