Livro Digital - Operações de Paz de Caráter Naval

Operações de Paz de Caráter Naval: ameaças e desafios para a paz no mar

Treinando para o futuro Com o conhecimento da história e a compreensão da doutrina, po- demos chegar ao terceiro e mais difícil aspecto, que é referente à per- cepção dos desafios futuros. Somente com essa adequada percepção é que poderemos ter uma força focada no futuro e, não apenas, conforme mencionado no início deste capítulo, “dirigindo com o retrovisor”. Para o treinamento com foco no futuro, o ensino tem importância fundamental. A consolidação das lições aprendidas fornece uma base importante, porém não deve ser a única a orientar o treinamento e o preparo. Nesse aspecto, o Brasil já é hoje uma referência em operações de paz: temos, no Exército Brasileiro, o Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB) e, na Marinha do Brasil, o Centro de Operações de Paz de Caráter Naval (COpPazNav). Os dois livros sobre a MINUSTAH publica- dos recentemente – “A participação do Brasil na MINUSTAH (2004-2017): percepções, lições e práticas relevantes para futuras missões” (CCOPAB, 2017) e “13 anos do Brasil na MINUSTAH: lições aprendidas e novas perspectivas” (COpPazNav, 2018) - são frutos da atuação desses Centros, representando uma importante forma de gerar, compilar, organizar e guar- dar tais conhecimentos. As operações de paz contemporâneas têm muitas semelhanças táticas e logísticas com as operações de guerra. Elas permitem uma experiência real de emprego para todos os envolvidos, além de contribuir para o preparo das Forças Armadas, que marcam a presença brasileira no cenário inter- nacional. O futuro apresenta novos desafios, com os cenários marítimos e com operações de paz cada vez mais robustas. O foco no futuro só poderá ser desenvolvido por meio de um ensino que privilegie o pensamento reflexivo, que desenvolva líderes com ca- pacidade de decidir e inovar, especialmente em um ambiente onde as mudanças e o inesperado serão constantes, demandando grande capaci- dade de adaptação. Assim, o ensino não pode ficar limitado a questões doutrinárias, táticas e técnicas, devendo, especialmente para os Oficiais, fornecer novas ferramentas para o desenvolvimento intelectual, do pensa- mento crítico e reflexivo.

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