medicina nuclear em revista
| Jan • Fev • Mar 2015
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na prática
Para o presidente do
XX Congresso Brasileiro de Cance-
rologia
, José Ulisses Manzzini
Calegaro, o PET/CT está inserido de
maneira irreversível na oncologia.
“Há duas décadas, tínhamos de um
lado o procedimento cintilográfico e
de outro os procedimentos de análise
de estruturas. Agora, temos esse seg-
mento que reúne os dois: a análise
estrutural com o detalhamento de
comportamento biológico e celular de
determinados tumores, o que deu um
alcance muito maior. Isso modificou
substancialmente a área diagnóstica”,
ressalta o médico, que também é che-
fe do Serviço de Medicina Nuclear do
Hospital de Base de Brasília.
O marcador radioativo mais uti-
lizado para a realização do PET/CT
atualmente é o FDG-
18
F, um análogo
da glicose. Porém, ele não é o único
radiofármaco com possibilidade de
aplicações no exame. Dependendo
do tipo de tumor que se deseja anali-
sar ou das informações funcionais
que sejam buscadas, outras subs-
tâncias podem ser administradas.
No entanto, muitos desses radio-
fármacos ainda não estão liberados no
Brasil – uma situação que, na avalia-
ção domédico do Serviço deMedicina
Nuclear e PET/CT do Hospital
Israelita Albert Einstein (HIAE)
Marcelo Livorsi da Cunha, precisa ser
mudada. Ele conta que essas outras
drogas apontam (ou permitemquan-
tificar) informações como prolifera-
ção celular, presença de receptores
hormonais e condição de hipóxia teci-
dual, conseguidas por meio de um
método funcional como o PET/CT.
Já o professor titular de oncolo-
gia e hematologia da Faculdade de
Medicina do ABC, Auro del Giglio,
explica que a utilização de outros
marcadores permitiria a análise de
diversas vias bioquímicas, intro-
duzindo a metabolômica mais pro-
fundamente como recurso image-
nológico. “No futuro, poderemos
avaliar a ativação de determinadas
vias tumorais pré-tratamento e
sua inibição subsequente a um tra-
tamento alvo-direcionado, o que
nos auxiliaria a julgar a efetivida-
de terapêutica do bloqueio dessas
vias antes mesmo de haver qual-
quer modificação anatômica do
tumor”, destaca o médico e oncolo-
gista do HIAE.
A utilização do FDG-
18
F já está
consolidada para cânceres de esô-
fago, pulmão, colorretal e linfomas,
por exemplo. Para outros, como o
neuroendócrino, o Ga
68
, análogo da
somatostatina, se coloca como
melhor opção. “Ele tem sido uma
revolução nesse tipo de tumor. Em
até um quarto dos pacientes conse-
guimos detectar tumores que não
eram vistos com outras técnicas de
imagem”, diz a chefe de pesquisa do
Instituto do Câncer de São Paulo
(Icesp) e diretora científica do
Grupo Brasileiro de Tumores
Gastrointestinais, Rachel
Riechelmann. “Os tumores são
diferentes e expressam proteínas
diferentes em suas superfícies celu-
lares. Assim, o PET/CT com dife-
rentes radioisótopos pode melho-
rar o estadiamento de tumores dis-
tintos”, adiciona.
Cintilografia óssea
com MDP-
99m
Tc
PET/CT com FDG-
18
F
octreotide-DTPA-
111
In
Ventriculografia radioisotópica
Pesquisa de corpo inteiro
com
131
I
Pesquisa de corpo
inteiro com
131
I / MIBG-
123
I
Linfocintilografia para pesquisa de
linfonodo sentinela
Fonte: Michel Carneiro,
chefe do Departamento de
Medicina Nuclear do Inca
PRINCIPAIS EXAMES DA
MNNA ONCOLOGIA