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PORTOS E NAVIOS SETEMBRO 2015

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Ele reconhece que a dificuldade dos

estaleiros em receber os recursos do

Fundo da Marinha Mercante (FMM) e

da Sete Brasil geramdívidas e questões

financeiras importantes. Alonso expli-

ca que as negociações entre os acionis-

tas da Sete Brasil são complexas, pois

envolvem bancos privados, públicos e

a Petrobras. Ele também cita o perío-

do de espera até saírem novos acordos

de leniência das construtoras na justi-

ça do Paraná, no âmbito da operação

Lava-Jato da Polícia Federal.

Alonso, que também é coordenador

do Programa de Mobilização da Indús-

tria Nacional de Petróleo e Gás Natural

(Prominp), destaca que a iniciativa en-

trou em nova fase, onde o foco é inves-

tir em funções especiais, como certifi-

cação, além de priorizar planejamento,

gestão e a inovação. “O problema da

indústria brasileira não é conteúdo na-

cional, é performance”, avalia.

Ele disse que os parceiros interna-

cionais precisam investir no aumento

da produtividade, como engenharia

industrial e automação da produção

nos estaleiros. Além disso, ele defen-

deu que os governos locais adotem o

modelo dos Arranjos Produtivos Lo-

cais (APLs), com núcleos de fornece-

dores no entorno dos estaleiros e inte-

gração da cadeia de suprimento.

Para o diretor executivo de petróleo

e gás da Abimaq, Alberto Machado, o

conteúdo local não pode ser o culpa-

do pelas dificuldades enfrentadas pelo

setor. Machado citou problemas como

a macroeconomia do país, a alta da

inflação, o desemprego, as elevadas ta-

xas de juros, o câmbio ainda defasado

e oneração da folha. Ele lamentou que

esses problemas conjunturais estão

refletindo na perda da indústria. Um

deles é a inadimplência dos epcistas

e a incapacidade das empresas em re-

cuperação judicial de honrarem seus

compromissos com os fornecedores.

Além disso, os desinvestimentos da

Petrobras diminuíram as expectativas

de venda dos fabricantes. Ele defende

ênfase na engenharia nacional. “No fi-

nal da década de 1990, dizíamos que,

se não tivéssemos estaleiros brasilei-

ros, não teríamos conteúdo local. Ago-

ra, se não tivermos engenharia bra-

sileira não teremos conteúdo local”,

comparou.

Machado acredita que o país per-

deu oportunidades de vender campos

com barris de petróleo acima de US$

110. Além disso, o período de quase

oito anos sem leilões de grande porte

poderia ter gerado demanda para in-

dústria. Ele acrescenta que os regimes

especiais, como REB e Repetro, são

importantes para aumentar compe-

titividade, mas precisam ser revistos

porque não abrangem a cadeia toda.

Para o diretor executivo de petró-

leo e gás da Abimaq, comprar no Bra-

sil oferece vantagens como facilidade

acesso às empresas, do idioma, de

adaptação às reais necessidades, pa-

gamentos, além de maior segurança

quanto aos prazos entrega e menores

riscos. A associação defende uma polí-

tica industrial de longo prazo, que não

seja ligada a um governo. “Esperamos

que conteúdo local aconteça como

consequência e não como fato gera-

dor”, enfatizou.

n

PAULO ALONSO

Produtividade ainda está distante

do ‘benchmarking’ apurado no

Japão e Coreia do Sul

ALBERTO MACHADO

Conteúdo local não pode ser

o culpado pelas dificuldades

enfrentadas pelo setor

Paulo Augusto dos Santos

Agência Petrobras