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PORTOS E NAVIOS SETEMBRO 2015

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A frota de rebocadores necessária

para lidar com as grandes embarca-

ções é outro ponto de atenção. Esses

barcos enormes exigem perícia e mui-

ta potência no reboque já que, a baixas

velocidades, fica difícil controlá-los a

partir da ponte de comando. A melhor

composição da frota deverá ser indi-

cada a partir de simulações. Guedes

lembra que, se ela precisar ser revista

— seja em relação ao seu número ou

à potência —, será necessário tempo.

“As soluções para atender aos novos

parâmetros não são de prateleira. Mu-

dar perfil de frota de reboca-

dores demanda uma

resposta da in-

dústria naval”,

adverte.

cessárias para aumentar a segurança

da navegação no canal de acesso e ter-

minais. Também devem revelar os pri-

meiros indícios sobre a exequibilidade

do aumento da profundidade entre

leito e a superfície da água no porto de

Santos. Os pesquisadores vão conferir

a geometria das áreas de navegação

e possíveis interferências em relação

ao cais, que sofrerão com a pressão

do deslocamento lateral na atracação.

"Se os berços não forem adequados,

o conjunto de rebocadores passa a

ter maior responsabilidade e precisa

atuar segurando o navio, com uma ve-

locidade menor", aponta Sergio Gue-

des, presidente do Sindicato Nacional

das Empresas de Navegação e Tráfego

Portuário (Sindiporto), que representa

os rebocadores e outras empresas de

apoio portuário.

Outro impacto da passagem dos

Post Panamax a ser estudado será so-

bre outras embarcações atracadas tan-

to nas margens de Santos quanto do

Guarujá. "Um navio como os que se

está esperando, com comprimento de

360 metros e largura (boca) de 49 a 50

metros, é como se fosse um prédio de

cem andares. É um

Empire State

deita-

do navegando ao longo do canal, des-

locando uma massa de água de cerca

de 120 mil toneladas", compara Viria-

to Geraldes, gerente de Operações da

Praticagem de Santos, que reúne os

responsáveis por orientar as mano-

bras de navios na região.

SERGIO GUEDES

Sindiporto não foi procurado

para participar do diálogo em

torno do Santos 17

Andre Luiz Mello

Codesp/Divulgação

O canal do porto de Santos pode perder 50 me-

tros na largura. O Ministério Público Federal (MPF)

emSantos quer reverter o alargamento de 170 para 220

metros iniciado em2010 por conta de danos ambientais.

As praias de Santos vêm sofrendo erosão e tiveram dimi-

nuídas suas faixas de areia. Segundo a Companhia Docas do

Estado de São Paulo (Codesp), a dragagem não é responsável pela

alteração e tenta evitar que o processo vá adiante. OMP entrou com pedido na

Justiça pedindo a redução.

A Codesp providencia um estudo sobre os impactos da eventual redução

para o porto. Paralelamente, outro estudo tentará identificar alternativas

para diminuir a erosão das praias, com medidas mitigadoras. O MP estima

que 40% dos cinco quilômetros de extensão da orla santista foram afetados.

Na contramão

Guedes, do Sindiporto, conta que a

entidade não foi procurada formalmen-

te para participar do diálogo em torno

do Santos 17 e que desconhece os pla-

nos, mas se preocupa com as regras de

cruzamento para navios de grandes di-

mensões por causa das sinuosidades e

do fluxo intenso. “Santos tem um canal

relativamente longo, sinuoso e estrei-

to. Tem berços de atracação nas duas

margens, além de um

ferryboat

que

cruza o canal e várias embarcaçoes de

esporte e recreio, que passam de um

lado para o outro com passageiros. É

um porto

sui generis

, além de ter uma

movimentação muito intensa. As res-

trições geográficas precisam ser discu-

tidas antecipadamente”, apoia Geral-

des, da Praticagem de Santos.