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PORTOS E NAVIOS SETEMBRO 2015

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uma plataforma

offshore

para expandir

o cais em direção ao alto-mar, em vez

de interferir na estrutura que já existe.

Essa ação faria sentido porque a ten-

dência de agigantamento dos navios é

irreversível, concordam todos os espe-

cialistas ouvidos pela

Portos e Navios

.

Isso exigirá que a capacidade seja au-

mentada constantemente, o que ele-

varia custos com dragagem e soluções

tecnológicas que deem conta de barrar

o assoreamento.

Navios commaior capacidade, tanto

de contêineres como de grãos, ofere-

cemmelhores condições em termos de

fretes e custos em geral. Claudo Lourei-

ro, diretor executivo do Centro Nacio-

nal de Navegação Transatântica (Cen-

tronave), pondera que o aumento não é

ilimitado. “Tampouco significa que na-

vios menores não continuarão a operar

para cumprir determinadas operações.

Contudo a tendência no comércio glo-

bal, sobretudo envolvendo nações com

grandes economias como o Brasil, é o

emprego de embarcações que garan-

tam ganhos em escala e, consequente-

mente, redução relativa de custos", diz.

Para comparar, basta lembrar que,

há dez anos, os navios mediam por vol-

ta de 160 metros de comprimento por

25 de largura. Há dois anos, com a dra-

gagem que levou Santos ao nível atual,

uma nova gama passou a frequentar o

porto. Hoje já há projetos em constru-

ção que podem chegar a 400 metros de

comprimento, aproveitando ao máxi-

mo as dimensões da rota que está sen-

do construída paralelamente ao Canal

do Panamá e com capacidade para até

20 mil TEUs.

Montenegro, da Codesp, comenta

que todos os tipos de carga vêm sofren-

do processo de "jumborização" e ficam

cada vez maiores. Navios, aviões, cami-

nhões crescem para reduzir custos uni-

tários. Os contêineres são os principais

beneficiados e dão retorno mais rápi-

do. “Desde a década de 1970, há uma

tendência de conteinerizar todo tipo de

carga. Até soja tem sido movimentada

assim. No caso do café e açúcar, isso já

é uma realidade”, conta.

Embora traga vantagens mais óbvias

para os terminais de contêineres, o pro-

cesso da ampliação do calado em San-

tos é interessante para todo o comple-

xo. Montenegro observa que o melhor

conhecimento das condições operacio-

nais vai agilizar o tráfego de embarca-

ções. “Não só porque é um ativo muito

caro para ficar parado mas, pelo mo-

delo logístico atual, as empresas traba-

lham

just in time

, sem muito estoque.

O tempo ocioso tira a capacidade do

porto. Não podemos ficar com o berço

vazio esperando condições operacio-

nais favoráveis”, segue o executivo.

Nesse contexto, um cais em águas

profundas, a 10 ou 20 quilômetros da

baía, poderia ser viável. No porto de Ro-

terdã, a expansão se deu com o aterra-

mento emmar aberto para a criação de

uma ilha artificial. O recurso também

foi usado em Le Havre, na França, em

Xangai, na China, e emBilbao, na Espa-

nha. Seria um projeto de longo prazo,

mas Montenegro estima que, se a dra-

gagem ficar muito cara, abrirá espaço

para alternativas. “Poderíamos dispo-

nibilizar áreas antigas para a cidade e

desenvolver novas, com características

até mais interessantes do que se tem

hoje, como mais retroárea disponível”,

arrisca.

Já Passaro, da BTP, que é holandês

como oMaasvlakte, considera que hoje

o Santos Vlakte é “conversa fiada” e que

o desafio é prever qual será a demanda

daqui a 20 anos. “Teríamos que pensar

para quê construir algo assim. Creio

que seria para receber navios 'ultra',

commas de 20mil TEUs. Tomara para o

Brasil que isso aconteça um dia, que se

tenha um intercâmbio comercial nesse

volume”, torce, incrédulo.

Além das especulações, decisões to-

madas a mais de 1,2 mil quilômetros

de Santos podem trazer grandes mu-

danças ao porto. A Secretaria Especial

de Portos recebeu recentemente o aval

do Tribunal de Contas da União para

sua proposta de privatização de nove

terminais em Santos com leilão espera-

do para este ano. O processo se arrasta

desde 2013 e ainda não há acordo entre

os órgãos sobre o formato da conces-

são. Outra medida em debate é a en-

trega à iniciativa privada da gestão do

canal de acesso, modelo que poderá ser

adotado em outros portos para agilizar

contratação de obras e manutenção. As

duas medidas podem afetar os planos

dos terminais e o Santos 17.

O movimento

capitaneado pelos ter-

minais no porto de Santos vai ao en-

contro do que está acontecendo em

outros países. Na Costa Leste norte-

-americana, a perspectiva de receber os

novos supernavios que serão capazes

de atravessar o canal do Panamá levou

os principais portos a investirem no

incremento de sua capacidade. A pas-

sagem no país centro-americano deve

começar a operar comercialmente no

primeiro semestre de 2016. Enquanto

os novos acessos e eclusas vão toman-

do forma na via panamenha, os portos

dos Estados Unidos entram em obras.

Miami já passa pela adaptação, que

inclui novos acessos terrestres e draga-

gem. Saiu na frente e espera tirar van-

tagem da super frota antes que o vizi-

nho Port Everglades, maior porto de

Codesp/Divulgação