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PORTOS E LOGÍSTICA

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PORTOS E NAVIOS SETEMBRO 2015

Carmen Nery

E

m meados de julho, o Minis-

tério da Fazenda divulgou al-

terações nos parâmetros de

cálculo da taxa de retorno,

elevando de 8% para 10% o novo per-

centual anual para o custo médio pon-

derado de capital (WACC, na sigla em

inglês Weighted Average Capital Cost).

O WACC é a taxa que indica o nível de

atratividade mínima do investimento;

ou seja, ele é o retorno que se esperaria

ter em outros investimentos mais se-

guros do que o atual. Trata-se de uma

das formas de se calcular a taxa de des-

conto, que é o custo de capital utiliza-

do em uma análise de retorno.

Segundo o Ministério da Fazenda,

o WACC será utilizado como a taxa

de desconto para o cálculo da tarifa

máxima ou do valor de outorga dos

próximos leilões dos arrendamentos

portuários, dois dos três critérios que

poderão ser utilizados na análise das

propostas pelas áreas ofertadas, além

da maior movimentação de carga.

O setor considera positiva a elevação

da taxa de 8% para 10%, mas é contra,

por princípio, a uma eventual iniciativa

do governo em fixá-la. No comunicado

divulgado em 15 de julho, o Ministério

da Fazenda ressalva que o valor não

corresponde à taxa efetiva de retorno

do investimento — que depende, em

última instância, das características in-

trínsecas à concessão, ao acionista e à

estrutura de capital. O resultado mais

provável será uma Taxa Interna de Re-

torno (TIR) efetiva do projeto diferen-

te do valor apresentado.

Luiz Cunha, gerente sênior e espe-

cialista em infraestrutura da consul-

toria EY, diz que, em primeiro lugar, é

preciso esclarecer as diferenças entre a

Taxa Interna de Retorno (TIR) e o Cus-

to Ponderado de Capital (WACC). A

TIR é um resultado de saída do projeto

após realizadas as análises de premis-

sas operacionais — receita, impostos,

investimentos — em um fluxo de caixa

no período da concessão. Já o WACC

é um dado utilizado pelo investidor

para a sua percepção de risco. Trata-se

da expectativa de retorno que é cons-

truída a partir da percepção de risco—

sistêmico, grau de alavancagem, am-

Investimentos

em infraestrutura

Aumento do percentual da taxa de

retorno é avaliado positivamente

pelo mercado

O setor considera

positiva a elevação

da taxa de 8% para

10%, mas é contra,

por princípio, a uma

eventual iniciativa do

governo em fixá-la

biental, custo da dívida — com a qual

o investidor precifica o investimento.

— O investidor tem a percepção de

risco pelo custo ponderado de capital

e compara com a Taxa Interna de Re-

torno, que é um dado de saída do pro-

jeto. Se a TIR igualar oWACC, o investi-

mento é viável. Como as duas variáveis

são representações de retorno, há uma

certa confusão no mercado, sobretudo

na mídia. O que o governo considera

e lança como referência é o WACC —

distingue Cunha.

Mário Povia, diretor da Agência

Nacional de Transportes Aquaviários

(Antaq), explica que na realidade

não há fixação de TIR no modelo de

exploração de arrendamentos por-

tuários, na medida em que não há re-

Karlos Geromy/Secom Maranhão