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NAVEGAÇÃO

PORTOS E NAVIOS SETEMBRO 2015

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O

sinal de alerta está mais

aceso do que nunca para

as empresas de navegação

brasileiras de cabotagem

que transportam cargas para o Norte e

Nordeste. Depois de três anos de certa

regularidade no ressarcimento dos re-

cursos decorrentes da não incidência

do AFRMM, desde o ano passado é im-

possível fazer qualquer planejamento

contando com os repasses.  Embo-

ra para 2014 o orçamento estivesse

aprovado para pagamento de R$ 220

milhões, o saldo de R$ 42 milhões foi

liberado somente em fevereiro último.

Já em 2015, com o mesmo orçamento

de R$ 220 milhões a previsão é de re-

passe de somente R$ 42,7 milhões. Até

o final de julho, no entanto, nada tinha

sido pago. A dívida já passa de R$ 1 bi-

lhão e não para de crescer. 

Desse total, R$ 650 milhões se refe-

rem ao "legado" do tempo em que o

AFRMM era gerido pelo ministério dos

Transportes, acumulando atrasos su-

periores a três anos. A partir de 29 de

maio do ano passado o FMM passou a

ser administrado pela Receita Federal

e uma nova contabilização passou a

ser feita.  Atualmente o montante a ser

ressarcido por operações de transpor-

te feitos após essa data somam cerca

de R$ 300 milhões. Até o momento a

Receita não repassou nem um centavo

aos armadores.  O AFRMM na navega-

ção de cabotagem corresponde a 10%

do valor do frete e deveria ser integral-

mente repassado às empresas de ban-

deira brasileira.  

O vice-presidente executivo da As-

sociação Brasileira dos Armadores de

Cabotagem (Abac), André Mello, expli-

ca que para estimular o comércio e a

indústria, em 1997 o AFRMM deixou

de incidir sobre as cargas para o NO

e NE.  Para que os armadores não fos-

sem prejudicados ficou acertado que o

ministério dos Transportes faria o res-

sarcimento com recursos do Fundo da

Marinha Mercante.

Nos primeiros anos o ressarcimento

ocorria sem maiores problemas, mas

desde 2004 quando houve mudança

na regulamentação do AFRMM o MT

passou a exigir uma série de documen-

tos que não eram exigidos antes, inclu-

sive com retroatividade. A dificuldade

em conseguir apresentar todos os do-

cumentos exigidos causou atrasos nos

ressarcimentos e os valores represados

começaram a se avolumar.  Em 2010

passavam de R$ 1 bilhão.  Aos poucos

as partes foram se acertando e a partir

de 2011 a situação começou a melho-

rar. A análise dos processos funciona-

va melhor, os atrasos diminuíram.

Em 2011 todas as empresas recebe-

ram um total de R$ 280 milhões e nos

dois anos seguintes a média de R$ 220

milhões. Como a geração anual média

das empresas de cabotagem é de R$

160/180 milhões, a dívida nunca che-

gou perto de ser zerada mas a situação

ao menos esteve mais equilibrada.  Era

possível planejar. 

Em 2014 no entanto os repasses vol-

taram a sofrer revés quando a gestão do

AFRMM foi transferida do ministério

dos Transportes para a Receita Federal.

A Receita ainda não efetuou nenhum

repasse de ressarcimento e as empresas

não conseguem uma programação firme

de quando serão iniciados e qual o ritmo

emque serão feitos os ressarcimentos.

Procuradas para comentar o pro-

blema, as empresas de navegação Nor-

sul, Log-In e Aliança preferiram não se

pronunciar.

n

Dívida de R$ 1 bilhão

Armadores que operam na cabotagem para o Norte e Nordeste sofrem para

receber ressarcimento do AFRMM

Em 2015, a previsão é de repasse

de R$ 42,7 milhões, mas até o

final de julho nada tinha sido

pago

Christoph Gessner