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PORTOS E NAVIOS SETEMBRO 2015
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houver melhores condições de escoa-
mento. Se determinado porto oferece
maior eficiência na movimentação de
cargas, a tendência é que os usuários
tenham preferência por ele. Como des-
dobramento fará também com que
outros terminais se empenhem para
oferecer as mesmas condições — e até
melhores — para não perder clientes. É
um efeito salutar da concorrência que
tem como resultado eficiência e me-
nores custos — arremata Loureiro, do
Centronave. Ele afirma que os fretes
no segmento de contêineres estão em
patamares mais baixos que há 20 anos
devido, entre outros fatores, à grande
concorrência no setor.
Patrício Junior, do Porto Itapoá, acre-
dita que as crises ficam entre dois mo-
mentos de pico. “O momento certo de
investir é agora, que estamos por bai-
xo. Assim, na hora que tudo melhorar,
poderemos crescer de forma sustentá-
vel", analisa, com otimismo. Como ele,
outros especialistas convergem para a
conclusão de que a depressão econô-
mica é passageira. Mas ainda há incer-
teza. “Nesse momento não tem carga
brasileira suficiente. A importação di-
minuiu quase 20% e a exportação sofre.
De qualquer modo, os navios maiores
não vão poder entrar nos portos de
Buenos Aires e Montevidéu de jeito ne-
nhum. Essa carga para lá passará por
transshipping
que pode ser feito em
Santos”, conjectura Passaro, da BTP.
Há um consenso de que o futuro do
porto de Santos, com as novas profun-
didades, será o serviço de
transshipping
,
ou transbordo, para elevar o fluxo. “O
navio de grande porte traz e leva a carga
de longo curso e, no porto brasileiro, será
feito o transbordo da carga”, prevê Clau-
dio Loureiro, do Centronave. O serviço
poderia compensar a queda gradual no
número de navios que vem sendo senti-
da ano a ano e atribuída ao crescimento
das dimensões dos conteineiros. A Prati-
cagem de Santos revela que eram feitas
40 manobras por dia há dois anos, con-
tra 32 em 2015. O comandante Geraldes,
entretanto, não informa o impacto da
redução. “Estamos analisando o ques-
tionamento técnico e operacional.
Não tenho como dizer como isso afeta
a parte comercial. Vamos ver quando
acontecer”, desconversa.
Embora defenda o
investimento do
governo na ampliação do calado na
cidade paulista, Patrício Junior, do Por-
to Itapoá, ressalta que outros portos
deveriam ter, no mínimo, capacidade
de calado de 15 metros. “Não adianta
ter um super homem e uma porção de
gente fracote embaixo. Temos que ser
uma Liga da Justiça: gente forte em
tudo quanto é lugar. Senão o país não
cresce”, resume. De acordo com o exe-
cutivo, se o navio não tiver condição
de entrar e sair na capacidade máxima
no último e no primeiro porto de es-
cala, ficará subutilizado e perderemos
milhões de dólares por falta de inves-
timento em infraestrutura. Seria ne-
cessária uma análise para determinar
quais terminais estão localizados em
áreas que podem alcançar maior pro-
fundidade.
Patrício avalia que, no Norte e Nor-
deste do Brasil, só dois portos estariam
aptos a receber Post Panamax: Pecém
e Suape. Porém ambos, em sua visão,
não têm grande volume de carga a ser
movimentada. "Eles são uma opção
quando o navio vem da Europa, EUA e
Caribe. Mesmo assim, como as indús-
trias estão ao Sul, eles teriam que vir a
outros portos para recarregar", diz. A
região seria a preferida nas rotas vin-
das da Ásia, que em geral contornam a
África do Sul. O especialista descarta o
Rio de Janeiro e o porto de Rio Grande
como alternativas por conta de seu fra-
co volume.
Tratando da movimentação de con-
têineres, Santa Catarina e Paraná, após
São Paulo, seriam os estados prioritá-
rios para se garantir condições de na-
vegação de grande porte. O administra-
dor insiste na importância de garantir
condições equânimes em, pelo menos,
mais dois ou três portos brasileiros
para que embarcações estrangeiras te-
nham opções. “Se Santos tiver mais ca-
pacidade e puder gerenciar melhor, vai
atrair mais tráfego. Mas, se os outros
portos em volta não acompanharem,
não adianta, assinala.
n
roberto teller
Distância prevista no projeto
leva em conta a segurança da
navegação
PATRÍCIO JUNIOR
Omomento certo de investir é
agora, que estamos por baixo,
para um crescimento sustentável
Fábio Maradei
MK2