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PORTOS E LOGÍSTICA

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PORTOS E NAVIOS SETEMBRO 2015

contêineres da Flórida em 2014, come-

ce sua própria dragagem. Atualmente

ambos recebemPost Panamaxmas não

podem carregá-los em toda a sua capa-

cidade e as manobras só são permiti-

das sob condições especiais, mais ou

menos como ocorre em Santos. Miami

aposta que o serviço de transbordo e

o crescimento de seu mercado consu-

midor servirão como um atrativo para

justificar o forte investimento.

Portos na Costa Oeste têm profun-

didade naturalmente maior e já conse-

guem movimentar cargueiros de gran-

de porte. Na Costa Leste, Baltimore e

Norfolk aprofundaram seus cais nos úl-

timos anos. NovaYork eNova Jérsei fize-

ram o mesmo e estão eliminando uma

restrição de altura. Uma ponte no meio

do caminho para o porto será alcança-

da cerca de 20 metros. Só na Flórida,

existem 15 portos. Vários anunciaram

que pretendem investir no aumento do

calado operacional. Savannah e Jack-

sonville já estão sendo dragados.

A Associação Americana de Auto-

ridades Portuárias (AAPA, na sigla em

inglês) estima que portos e parceiros

privados estão investindo mais de US$

9 bilhões por ano em modernização e

expansão. Já o governo do país facili-

tou os procedimentos para autorizar

dragagens. Os portos dos EUA vão con-

correr uns com os outros quando as

novas rotas forem estabelecidas. E ain-

da competir comomodal ferroviário, já

que muitas vezes sai mais barato e rá-

pido transportar contêineres por trem

naquele país.

No Brasil, a questão chave é prever

se haverá carga suficiente. Em meio

ao recuo dos investimentos provoca-

do pela crise política vivida no país,

sobram dúvidas sobre o futuro. Com

mais de oito mil quilômetros quadra-

dos de costa, nem todos os principais

portos brasileiros têm efetivamente

condições de receber navios maiores.

Falta um local capaz de receber esses

gigantes. Santos seria a escolha natural,

considerando sua proximidade com o

mercado consumidor. “Na retroárea de

Santos, nossa área de influência é o es-

tado de São Paulo, a região Sudeste, o

Brasil inteiro”, carimba Montenegro, da

Codesp. “Do Rio de Janeiro para baixo é

onde fica o mercado mais competitivo

em termos de indústria. Santos movi-

menta 33% do volume de contêineres

movimentados no país, de tudo o que

é importado e exportado”, argumenta

Patrício Junior, presidente do Porto Ita-

poá, em Santa Catarina.

Antonio Passaro, da BTP, acredi-

ta que estamos diante de uma grande

oportunidade: enquanto os portos no

Hemisfério Norte vão reforçar o comér-

cio com navios cada vez maiores, che-

gando a transportar até 20 mil TEUs,

a frota que atualmente percorre a rota

Estados Unidos e Europa-Pacífico po-

derá ser empregada no sentido Norte-

-Sul. Embarcações com capacidade

para movimentar acima de 10 mil TEUs

passariam, então, a se dirigir para a

América do Sul. Elas já estariam dis-

poníveis e têm custo unitário menor.

“É uma certeza que navios com 14 mil

TEUs vão passar pela costa brasileira e

parar em algum porto. Se tivéssemos

capacidade para recebê-los hoje, che-

gariam amanhã. Mas não vão entrar

meio-cheios, meio-vazios. Para entrar

cheio, não há qualquer porto prepara-

do nesse momento”, lamenta.

— Todo armador tem interesse em

colocar em suas linhas navios maio-

res que permitam ganhos em escala.

Contudo, os maiores navios do mundo

ainda não são direcionados ao Brasil.

Ainda que haja no país terminais mo-

dernos e eficientes, continuamos en-

frentando problemas estruturais, entre

os quais se destacam as restrições nos

canais de acesso à navegação. Preci-

samos dispor de sistemas logísticos

operando sem gargalos estruturais e

burocráticos”, resume Loureiro, do

Centronave, que representa o segmen-

to de transporte marítimo, principal-

mente de longo curso, e responde pelo

transporte de mais de 70% das expor-

tações brasileiras em valor e por mais

de 98% das cargas em contêineres na

exportação e na importação.

Uma das preocupações

sobre o pro-

jeto Santos 17 é a real necessidade de

tamanho investimento. “O navio vai

onde tem carga e está dimensionado

para o que temos de corrente de comér-

cio. Não adianta trazer navios de 18 mil

TEUs se não temos terminal ou comér-

cio para girar essa quantidade. Tudo

deve estar alinhado com o que nós ge-

ramos e demandamos”, alerta Sergio

Guedes, do Sindiporto. Mas o volume

de carga projetada tranquiliza Roberto

Teller, da Sopesp. Segundo o especia-

lista, estudos encomendados pela SEP

indicariam que Santos pode duplicar

a sua capacidade de movimentação de

carga com o advento de profundidade

projetada e a vinda de navios maiores

no decorrer dos próximos cinco anos.

— Embora estejamos vivendo um

momento conjuntural adverso, a ten-

dência do comércio exterior brasileiro

é de crescimento, haja vista o potencial

de nossa economia. A carga vai onde

As primeiras respostas para o

projeto Santos 17 devem ser dadas

até o fim de março de 2016, por

uma parceria com a USP

Codesp/Divulgação