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PORTOS E LOGÍSTICA

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PORTOS E NAVIOS SETEMBRO 2015

Para ele, a busca dos terminais por

mais eficiência não pode prejudicar o

desempenho de outros setores portuá-

rios. “Comnaviomaior, o rebocador ga-

nha importânciamaior, pois vai mitigar

o risco nas operações. Isto exige dedi-

cação do setor e precisa ser remunera-

do. Quem paga a conta do rebocador

não é o terminal, é o armador", destaca

o executivo, ao elencar o investimento

em embarcações mais rápidas, moder-

nas e versáteis, com menor consumo

de combustível, que demandam tam-

bémmais treinamento das equipes.

A Capitania dos Portos de São Paulo

analisará os estudos prévios e simula-

ções feitos pela autoridade portuária

com base na legislação internacional

de referência, além de examinar os

requisitos constantes nas Normas da

Autoridade Marítima Brasileira. Entre

os estudos recomendados pelo órgão,

conforme informado em nota à

Por-

tos e Navios

, estão a estabilidade de

taludes após o aprofundamento possí-

vel ou pretendido do canal - erosão das

margens provocada pelos navios emmo-

vimento; e a modelagem hidrodinâmica

para estudo da interação no canal sob

diferentes condiçõesmeteorológicas.

As informações darão subsídio para

determinar eventuais restrições e limi-

tes operacionais como o calado máxi-

mo recomendado, a altura mínima da

maré, a intensidade máxima da cor-

rente e do vento, bem como autorizar a

realização de manobras especiais ade-

quadas a cada necessidade específica,

incluindo o número e tipo dos reboca-

dores, emprego de equipamentos espe-

ciais, número de práticos necessários,

entre outros.

A pesquisa da USP

deverá também

determinar novos parâmetros como

folga na quilha, necessidade demolhes,

plano de amarração para os demais

navios, velocidade adequada dentro

do estuário e o balizamento do canal.

Em seu escopo, a investigação inclui a

pesquisa sísmica, morfologia de fundo

e aspectos de resistência estrutural ao

longo do cais. “A parte que fica embaixo

d’água é apenas uma das dimensões.

Temos que pensar na largura do canal,

no raio de curvatura, e na parte que fica

acima da linha d’água, o calado aéreo.

Vamos saber sob quais condições de

vento se poderámanobrar em seguran-

ça", enumera o comandante Geraldes.

A Praticagem de Santos tem con-

tribuído para a formatação do projeto

Santos 17 com a experiência de seus

profissionais e com dados de seu Cen-

tro de Coordenação, Comunicações e

Operações de Tráfego (C3OT), inau-

gurado em setembro passado e que

custou R$ 8 milhões. A sala de controle

tem equipamentos de última geração

que analisam a meteorologia, marés,

correntes marítimas, visibilidade e in-

tensidade e direção dos ventos, alémde

contar com câmeras por todo o porto.

As informações serão parte do insumo

da pesquisa preparada para o Santos 17

e, até o próximo ano, contribuirão para

um sistema de previsão das condições

de navegação com antecedência e con-

fiabilidade superior a 90%.

Os aparelhos também monitoram o

tráfego para garantir o máximo de se-

gurança possível. “Nosso maior retorno

(ao investimento) é a quantidade de

manobras completadas com contei-

neiros de grande porte, de 335 metros

com boca até 48 metros, sem qual-

quer acidente. Numa área tão restrita

em termos de espaço, com porte cada

vez maior e operando dia e noite, uma

quantidade tão pequena de acidentes

(0,002% do total, um registro este ano)

é um grande indicador”, justifica o prá-

tico Geraldes. Em média 32 manobras

são realizadas diariamente em Santos.

O C3TO foi elogiado pelo professor

Belmiro de Castro Filho, do Instituto

Oceanográfico da USP, que vai analisar

o regime das águas e o fluxo de sedi-

mentos no porto de Santos. O estudo é

parte de um convênio da universidade

com a Codesp que garantiu à institui-

ção de ensino a cessão de um armazém

em troca também do fornecimento de

dados sobre a Baía de Santos. “Outros

portos do Brasil estão começando a

instalar sistemas semelhantes, mas eles

foram os pioneiros”, observa. Castro Fi-

lho vai integrar informações colhidas

pelo monitoramento da Praticagem e

por aparelhos de seu laboratório no lo-

cal a modelos matemáticos que simu-

lam, no computador, processos físicos

que ocorrem no sistema estuarino. As

equações serão comparadas comsimu-

lações e dados reais, além de validarem

resultados dos experimentos previstos.

— Embora sejam medidas as cor-

rentes só em dois pontos, o modelo

permite extrapolar para todo o sistema.

Teremos ummapa de correntes de toda

a região, inclusive previsão de correntes

e de ondas, que são responsáveis pelo

transporte de sedimentos e ocasionam

erosão e assoreamento. Com o modelo

Projetado para

embarcações com

menos de 300

metros, o porto tem

recebido navios com

até 336 metros

Araquém Alcântara