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PORTOS E NAVIOS SETEMBRO 2015

19

O

s fornecedores brasileiros

de máquinas e equipamen-

tos cobram um interlocu-

tor junto ao governo para

tentar aumentar a competitividade e

reduzir o impacto do chamado “tripé

negativo” para a indústria: juros altos,

carga tributária elevada e câmbio de-

fasado. O presidente do conselho de

óleo e gás da Associação Brasileira da

Indústria de Máquinas e Equipamen-

tos (Abimaq), César Prata, disse, du-

rante a 12ª Marintec South America

- Navalshore 2015, que as incertezas

em torno do plano de negócios 2015-

2019 da Petrobras estão atrapalhando

o planejamento das empresas e o re-

cebimento de valores devidos pelos

estaleiros.

A Abimaq apurou entre seus asso-

ciados recebimentos em atraso que

somam em torno de R$ 500 milhões.

Desse montante, cerca de R$ 200 mi-

lhões são referentes a pagamentos de-

vidos pela Ecovix, no Rio Grande do

Sul. Prata avalia que, com as medidas

para resolver os problemas do fluxo

de caixa, a Petrobras reduzirá seu en-

dividamento num horizonte de cinco

anos. No entanto, ele alerta que a falta

de projetos pode ser muito ruimpara a

indústria nacional.

Na ocasião, o diretor regional da As-

sociação Brasileira da Indústria Elétri-

ca e Eletrônica (Abinee), Paulo Galvão,

destacou que a construção naval che-

gou a ultrapassar os 80 mil empregos,

mas que a política de conteúdo local

não atingiu os resultados que poderia.

Ele lamentou que o segmento de óleo

e gás representa apenas 2% do fatura-

mento da Abinee e que apenas dois as-

sociados da associação forneçam para

a indústria naval.

— Se não tem política pública que

ampare as empresas nacionais para su-

Entraves à competitividade

Fornecedores cobram interlocutor para tentar minimizar impactos de

juros altos, tributos e câmbio defasado na indústria

prir um pouco a falta de infraestrutura

e logística, só o conteúdo local não re-

solve. É só uma ferramenta, temos que

ter política pública para resolver essa

equação — defendeu Galvão, duran-

te a Navalshore, no evento “Fornecer

— Crise e Impactos”, promovido pela

Associação Brasileira das Empresas de

Construção Naval e Offshore (Abenav).

O superintendente da Organiza-

ção Nacional da Indústria do Petróleo

(Onip), Bruno Musso, destacou que a

entidade continua focada no setor de

exploração e produção

offshore

por

causa da dimensão desse mercado.

Ele lamentou que, até o momento, o

conteúdo local não tenha refletido em

aumento de demanda para cadeia de

fornecimento. “Precisamos de uma

política industrial para o setor de pe-

tróleo. Essa política não pode ser a po-

lítica de conteúdo local. Tem que ser

parte integrante da política industrial”,

avaliou.

n

A Abimaq apurou

entre seus

associados que há

recebimentos em

atraso que somam

em torno de R$ 500

milhões

Angelika Bentin/Fotolia