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INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE

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PORTOS E NAVIOS SETEMBRO 2015

Danilo Oliveira

O

s estaleiros brasileiros pos-

suem em torno de cinco

anos para melhorarem seus

processos de gestão e se

tornaremmais competitivos na dispu-

ta pela preferência dos afretadores de

FPSOs no médio prazo. A avaliação foi

feita durante a Marintec South Ameri-

ca – Navalshore pelo assessor da pre-

sidência da Petrobras para conteúdo

local, Paulo Alonso. Ele destacou que a

companhia possui sócios estrangeiros

na operação de exploração e produção

de petróleo, portanto as decisões não

são exclusivas da brasileira. E que exis-

te a tendência de aumentar o número

de afretamentos de unidades de pro-

dução nos próximos anos.

— O modelo preferencial da Petro-

bras daqui para frente é afretamento.

Não porque a Petrobras prefira. Mas as

decisões são feitas em conjunto com

parceiros. Eles querem afretar porque

não tem

capex

(capital de investimen-

to), só tem

opex

: vai pagar taxa de utili-

zação da plataforma lá na frente — ex-

plicou Alonso.

Para que as empresas afretadoras

contratem a construção de platafor-

mas no Brasil, Alonso diz que os esta-

leiros devem estar preparados sob o

ponto de vista de produtividade, enge-

nharia e celeridade do cumprimento

dos prazos. Ele acrescenta que a maio-

ria das empresas afretadoras do mun-

do já possuem estaleiros parceiros.

Apesar das multas no caso de des-

cumprimento de conteúdo local,

nada impede que os afretadores con-

tratem unidades de produção no exte-

rior. Nesse caso, a Petrobras, na con-

dição de operadora, poderia ter que

arcar com as penalidades. “Não vamos

querer pagar

[multas]

. Vamos orientar

as afretadoras a contratar no Brasil.

Mas elas só vão querer contratar no

país se os estaleiros brasileiros conse-

guirem dar resposta à altura”, ponde-

rou. Ele enfatizou que ainda há tempo

para os estaleiros nacionais se prepa-

rarem para as novas contratações.

Alonso reconheceu que os esta-

leiros brasileiros continuam enfren-

tando problemas de produtividade e

ainda estão distantes da performance

dos grandes polos mundiais da cons-

trução naval. “A curva de aprendizado

foi muito mais lenta do que os empre-

sários esperavam”, admitiu durante

apresentação no evento.

Na ocasião, ele destacou que, desde

2007, o Brasil ampliou o número de

grandes estaleiros em operação, além

de ter outras unidades em construção.

Alonso defendeu que o momento do

setor naval é difícil, mas que o modelo

é de “pujança” e ressaltou que a Petro-

bras está trabalhando junto com esta-

leiros para tentar encontrar soluções

para os problemas.

Alonso lembrou que a operação

Lava-jato impactou a vida dos esta-

leiros e que o setor está na depen-

dência da assinatura de acordos de

leniência com as construtoras que

operam alguns dos estaleiros, as-

sim como aguarda novas liberações

do Fundo da Marinha Mercante e

o acordo envolvendo a Sete Brasil e

seus acionistas. Ele estima que esses

fatores contribuíram para atrasos de

mais de um ano na entrega de alguns

projetos.

A expectativa da Petrobras é que um

acordo entre os acionistas da Sete Bra-

sil seja fechado até outubro, liberando

o acesso da empresa ao financiamento

e permitindo o pagamento dos estalei-

ros. "Estamos muito próximos de um

acordo entre a Petrobras, Sete Brasil e

os bancos. A assinatura de documen-

to deve ocorrer em meados de setem-

bro", disse.

n

Eficiência para gestão

Para Petrobras, estaleiros devem aumentar

competitividade para ganhar preferência

dos afretadores de FPSOs

Segundo o assessor da

presidência da Petrobras, Paulo

Alonso, o modelo preferencial

agora é o de afretamento

Simon Townsley/Agência Petrobras