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INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE

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PORTOS E NAVIOS SETEMBRO 2015

drovias comerciais navegáveis com

ligação direta com o mar, existem 42

mil quilômetros de trechos navegá-

veis, dos quais 18 mil não necessitam

de intervenção. Mas apenas oito mil

quilômetros são usados para o trans-

porte de 14% da produção nacional.

Enquanto o Norte do Brasil está aque-

cido, no Sul essa realidade está longe

de se refletir, apesar do potencial hi-

droviário.

A malha hidroviária

gaúcha pos-

sui cerca de 930 quilômetros de tre-

chos navegáveis, dos quais cerca de

800 quilômetros são utilizados para o

transporte de apenas 4% da produção

gaúcha. Para o diretor administrati-

vo do estaleiro Sorenav, Luiz Antonio

Henriques da Silva, o Sul do país tem

um potencial gigantesco e precisa

atrair novos

players

para o mercado de

transporte hidroviário a fim de aque-

cer hidrovias, estaleiros e a economia

da região.

Silva conta que o Sorenav teve que

demitir os funcionários e está “hiber-

nando”, servindo apenas como esta-

leiro de locação de suas instalações

de docagem. O motivo foram os altos

custos fixos do estaleiro, que fazia de

três a quatro reparos por ano, sendo

que ainda precisava competir com

estaleiros menores, muitos sem licen-

ça ambiental, e que realizam reparos

em beira de cais sem nenhuma segu-

rança. “Não é o cenário que nós, nes-

se serviço de reparo naval há mais de

30 anos, gostaríamos de assistir. Ao

mesmo tempo em que vimos nossas

supersafras baterem recordes de pro-

dução ficando estufadas em silos nas

fazendas devido à falta de capacidade

de se escoar com preços competitivos

via hidrovia”, lamenta.

Ele diz que o número de embar-

cações construídas na região Sul nos

últimos sete anos é muito baixo.

Se

pensarmos num cenário regional com

potencial para operar nos próximos 10

anos com até 400 barcaças, se o modal

for plenamente utilizado, a construção

aqui é inexistente”, lamenta Silva, que

também é sócio-diretor da Via Hidro-

via – consultoria para o transporte hi-

droviário de interior.

Silva observa que o Brasil focou

apenas no cenário de óleo e gás e se

esqueceu de um potencial que estava

pronto para ser explorado, sem preci-

sar ser prospectado nas profundezas:

o transporte de cargas por hidrovia.

Ele diz que recebe consultoria de do-

nos de carga, e não de armadores, que

buscam eles mesmos construírem seu

próprio barco para escoar sua produ-

ção. Para ele, isso comprova a pouca

oferta do modal no estado e a neces-

sidade de novos

players

de operadores

de carga nas hidrovias gaúchas para

retomar o modal em sua plenitude.

O Sindicato das Empresas de Nave-

gação Fluvial no Estado do Amazonas

(Sindarma) defende que o governo e os

agentes financeiros precisam ter outro

olhar para construção naval voltada

para fabricação de barcaças. Segundo

o presidente do Sindarma, Dodó Car-

valho, as empresas reclamam da de-

mora na liberação de recursos do Fun-

do da Marinha Mercante (FMM). Ele

alega que algumas delas constroem

três barcaças por mês, tempo bastan-

te inferior ao gasto para construção de

embarcações de maior porte.

Carvalho diz que a região carece de

mais investimentos para dragagem

e sinalização, principalmente no Rio

Madeira, quando o nível está mais

baixo. Ele também teme que, com a

recente instalação das hidrelétricas

de Santo Antônio e Jirau, a geração de

energia seja privilegiada em detrimen-

to da navegação. “O governo precisa

entender que dragagem e sinalização

é todo tempo. O transporte hidroviá-

rio só vai ter sucesso se todos os atores

entenderem. São muitos agentes que

precisam estar integrados. Tudo isso

precisa estar em sincronia”, avalia.

n

O rio Madeira necessita

de dragagem e sinalização

quando o nível está mais baixo

Sindarma/Divulgação